domingo, 23 de agosto de 2009

O QUE É QUE VOCÊ QUER SER QUANDO VOCÊ CRESCER?

Eu estive pensando sobre trabalho no meu tempo livre... Afinal, já estou cursando o 2º semestre do 1º ano de berçário e em menos de 15 anos letivos – quando eu estiver às portas da universidade – vou precisar de um bom emprego pra bancar os mais importantes investimentos acadêmicos: baladas, paqueras e viagens.
Eu me esforcei pra antecipar a escolha de um curso que tivesse a ver comigo desde agora, mas acho que não deve ter nenhum que se aprofunde em mamadeiras, brinquedos ou banho quente na banheira. Pensei em recorrer ao papai pra pedir sugestão, mas ainda que eu falasse o dialeto dele (e conhecendo bem seus gostos esquisitos) acho que nem em meados da Era de Aquário vão criar cursos de Ufologia Pura, Espiritismo Aplicado (bacharel em Mediunidade), Culinária Exótica, Parapsicologia (com habilitação em Telecinesia), Geologia Solar ou coisas do gênero. Quer dizer, acho.
Em todo caso, seguindo a tendência atual, é bem provável que daqui a pouco o diploma seja só uma formalidade obsoleta. E se for exigido, vai bastar você comprovar experiência de um ano na área para ter carteirinha do Conselho ou fazer uma faculdade à distância, reconhecida pelo MEC e sem exigência de frequência, por 2 horas semanais em 6 meses. Podendo até antecipar o canudo em até 4 meses, em caso de urgência, parcelado no cartão de crédito pela internet. E você ainda ajuda o país a figurar nos índices da ONU entre as nações com maior percentual de pessoas com nível superior. Fique ligado, parece que estão cogitando abrir telessalas de Medicina, Direito, Engenharia e Economia em qualquer cidade que tenha um caixa eletrônico do Unibanco.
Dentre tanto tipo de profissão, tem uma que parece tão legal que dá até vontade de encarar o trabalho infantil. Essa função nunca exigiu formação acadêmica, além de saber ler e escrever, e admite que o cara tenha qualquer outra fonte de renda, dá total autonomia para decidir o próprio salário e carga horária, sai com pinta de artista na mídia e, de lambuja, ainda permite que você rife os cargos subordinados entre a sua galera (coisa que até o Getúlio fazia)! Pois é, o que é que eu quero ser quando crescer é SENADOR. (aplausos)
Como a única exigência é DNA (Data de Nascimento Antiga), vou precisar fazer antes estágio como vereador, deputado estadual, deputado federal ou, até mesmo, em cargos executivos durante algum tempo. Mas a maior vantagem disso é ir pegando os macetes de como agir acima das leis e desfrutar de uma super impunidade, ou seja, ter mais liberdade pra zuar o coreto do que pajé em ritual indígena protegido pela FUNAI.
O maior inconveniente é que como não há concurso ou carta de recomendação que ajeite essa boca-livre, dizem que é preciso fazer uma série de transações comerciais: alugar um partido, vender sua imagem, comprar os votos, trocar comissões, emprestar o seu nome quando o partido precisar ou então permutar para outro partido e refinanciar sua campanha...
Ufa, será que aquela telessala de Economia em 6 meses sai antes de 2026?

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