sábado, 15 de agosto de 2009

FÉRIAS DE INVERNO

Mamãe, papai e eu retornamos há pouco de outras férias, quer dizer, outras para eles. Foram minhas primeiras férias escolares e eu já estou gostando mais desses 20 dias do que de todos os outros 340 do ano. Confesso que me preocupei um pouco no começo, quando escutei meus pais cogitarem não me levar dessa vez. Fiquei ainda mais aborrecido por que gosto muito de doces e eles cochichavam sobre ir a uma tal Lua de Mel. Eu salivava só de imaginar qual seria o recheio que mais combinava com essa cobertura. Hum.
Tudo caminhava para um qualificado “abandono de incapaz” na tutela de velhas limitadamente capazes (minhas avós) e eu já planejava me vingar nos móveis ou dando um gelo neles quando voltassem. Até que houve uma reviravolta – para sorte deles – e fomos todos juntos para a casa do padrinho... de avião! Se voar entre as nuvens é um sonho para muita gente, para mim foi simplesmente um cenário para sonhar: fui capaz de dormir durante todo o trajeto, dois pousos e uma decolagem. O único momento de vigília – no primeiro vôo – eu estava tão ocupado analisando a estrutura da poltrona que, para mim, decolar da pista foi o mesmo que sair de circular do terminal central por uma rua esburacada. Esqueci de olhar pela janela, e todos estavam tão vidrados no vidro (vou registrar esse trocadilho) que nem me avisaram que a gente estava abandonando a terra firme. Com toda essa experiência em viagens aéreas que acumulei agora, posso afirmar que voar sem sentir o vento no rosto é, no mínimo, monótono. Esses 7 dias de férias de inverno em Jundiaí foram todos emoldurados por cúmulos-nimbos e climatizados entre 12ºC e 17ºC, perfeito para passeios cobertos (ou apenas cobertas)!
Aqui eu aprendi mais uma técnica de sobrevivência com meu papai, que sabe como se manter aquecido em qualquer ambiente. Ele permitiu, voluntariamente, que o colchão de ar que levávamos fosse perfurado dentro da mala e, no auge da friagem noturna, eu ouvia do quarto ele se exercitando animadamente com a bombinha de ar todas as noite, pelo menos 3 vezes em cada. O papai sabe se dar bem... Enquanto isso a bobinha da mamãe ficava lá, deitada encima do colchão de ar, bem agasalhada e enrolada no edredom só esperando ele ficar cheio de novo. Ela não queria se exercitar e ainda ficava reclamando do frio para o papai.
Lá na casa do padrinho eu aproveitei para exercer minha facilidade de relacionamento humano. Éramos três adoráveis crianças - minha priminha, meu novo priminho e eu - o dia todo organizando aleatoriamente uma caixa de brinquedos e outros enfeites pelo chão da sala. Nosso potencial para decoradores de ambientes só não foi mais aprimorado porque limitaram nosso acesso aos gaveteiros, armários e cestos de lixo da casa. Onde será que andam as apostilas sobre o método construtivista do Piaget e Vygotsky que o papai e a mamãe estudaram do CEFAM? Como explica a Teoria da Relatividade de Einstein, a passagem do tempo é relativa para cada observador ou evento. E neste caso, para mim – como observador distraído no evento férias – uma semana coube em bem menos que 7 dias.
Nossas férias de inverno em Jundiaí terminaram exatamente no dia em que se foi a frente fria, as nuvens de chuva e toda paciência adulta dentro de casa. Enfim, depois de todos esses dias de mau tempo, teríamos Sol, calor e... volta às aulas. Que ódio. Voamos de volta pra casa combinando que, nas próximas férias, vamos pôr a bagagem no carro de noite e com as luzes apagadas, sairemos de madrugada por uma estrada deserta e ainda deixaremos a TV ligada na sala. Assim, quando o São Pedro descobrir que saímos e pensar em trocar o seletor do tempo já vamos estar pelo menos dois tons mais bronzeados. Oxalá.

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