terça-feira, 10 de março de 2009

O CALOURINHO

Estou prestes a completar 1 ano por aqui, e posso afirmar que já amadureci bastante. Agora, ando com minhas próprias pernas – embora ainda prefira um colo – e já não me interesso tanto por meus brinquedos infantis. Prefiro muito mais vasculhar e manusear os eletroeletrônicos de casa.
No entanto, a mudança mais radical que sofri foi também a mais planejada das últimas semanas: minha matrícula na escola. No princípio, receei que o ensino formal e tradicional contrariasse minha ideia de um aprendizado construtivista nos moldes da Maria Montessori – dinâmico, interativo, lúdico e individualizado como o método Kumon. Resumindo: eu achava que estava indo muito bem sozinho, desbravando toda a ciência, natureza e tecnologia que se encontra entre o quarto e a varanda da frente – já que estou privado de acesso aos fundos desde o episódio da barata. Mas, segundo a antiga interpretação darwiniana, a ‘lei do mais forte’, neste caso, prevaleceu.
Apesar de toda relutância emocional encenada, ouvi soprar indisfarçadamente o suspiro de alívio da mamãe e do papai ao perceberem minha adaptação instantânea. Aliás, o único comentário na véspera do despacho, em casa, foi o papai queixar-se que o valor alto das mensalidades não garantiria, pelo menos, um diploma técnico no final da série.
Eu confesso que me senti muito a vontade no primeiro dia só por saber que não precisaria enfrentar um vestibular estressante para ser aceito; e esse descompromisso é apenas uma das inúmeras vantagens do ensino privado (salvo exceções, claro). Ah, além de tudo, fui mais esperto que os antigos estudantes, entrei na escola fazendo cara de veterano desencanado com o ambiente, e por causa dessa malandragem escapei do trote até agora...
Tive sorte de cair em uma sala com alunos não tão adiantados. Enquanto apenas uma moça caminhava com mais desenvoltura do que eu, todas as outras crianças ainda dormiam no carrinho e choravam sem motivo durante a aula. Senti-me quase um tio ali, muito mais maduro que aquela manada de bebês à minha volta – exceto a danada da menina, que quase já sabia correr. Hum.
A princípio, o que todos nós tínhamos em comum (no total, contando comigo, quatro) era o fato de sermos mais baixos que a tia, ainda usuários de fraldas e desconfiados por ter apenas um colo para disputarmos. Destas semelhanças, a última foi logo superada em um discreto conchavo que fizemos, onde decidimos tomar uma atitude para reivindicar melhores condições. O resultado foi tão imediato que já na primeira sexta-feira da outra semana contávamos com um reforço de três monitoras efetivas na sala!
Todos estão carecas de saber (na minha sala, eu mais que os outros) que o ambiente acadêmico não proporciona apenas flores aos discentes, e o tiro de canhão que me atingiu logo de cara foi uma virose clandestina que descaminhei pra casa, para usufruto geral. Mas, como diziam no tempo das sabatinas e do Liceu: "entre mortos e feridos, salvaram-se todos".
Agora já estou bem saradão de novo, e tão ansioso pelos próximos dias letivos quanto o papai está pelas tardes de recesso paterno.

2 comentários:

  1. Eu adorei o relato do primeiro contato mais sério com a realidade fora de casa...A escolinha...Só faltou comentar q lá ele conheceu uma MAriana...tão fofa qto esta q vos fala...rsrsrs
    Bjsssssss

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  2. É realmente lindo ve-lo na escolinha, interagindo com as outras crianças, brincando e fazendo gracinhas...
    Má...Acho q as Marianas sempre farão partes da nossas vidas!!!rs

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