domingo, 13 de julho de 2014

"HAI-CAIO"

O HAI-CAI (ou HAICAI, ou HAIKAI, ou, no meu caso, HAI-CAIO) é uma forma poética comum lá no Universo Japonês há mais de 600 Matsuris! Cada um tem apenas uma estrofe com três versos de cinco, sete e cinco sílabas fônicas, respectivamente. O jurista, escritor, poeta e metido Guilherme de Almeida criou o estilo mais parnaso e complicado deste poemeto, batizado de "Haicai Guilhermino", onde primeiro verso rima com o terceiro e no segundo verso há uma rima interna entre a segunda e a sétima sílaba (entendeu?). Estas são minhas humildes contribuições ao estilo brasileiro:

Cada caco de vida
Que der à mulher
Não vai ser devolvida

Nunca espere um bem
Se mal, afinal
Já fizeste a alguém

Há dias vejo almas
Que não têm as mãos
E me vêm bater palmas

Empenho-me em ser eu
Porém, sou Ninguém.
Muito de mim se perdeu

Estou inoculado
Por sua pele nua
Ou mais envenenado?

Em comum temos gestos,
Mas um incomum:
Comungar nossos restos

Da Lua quero o ocaso
Do Sol, arrebol
P´ra rimar meu Parnaso

Uma visão do passado
No chão do porão:
Meu Peposo jogado

Eu tenho pesadelos
Com aços, pedaços
E o rosto sem pelos

Outro significado
Depois de nós dois
Ao verbete Pecado

Não pode haver ninho
Ou ovo, de novo
Se não há passarinho

Aquela sua mensagem
Por rio ou por fio
Continua sua viagem

Eu pretendo absorver
O ar do lugar
Onde eu hei de morrer

O vento lhe saúda
No nó do cipó
Sem ter quem te acuda

Desisti de desistir
De ter o poder
Para poder resistir

Enquanto faço haicai
Poucos e loucos
Notam: tudo se esvai

Uma nuvem carregada
Já cresceu no céu
E minguou na calçada

Meu lençol de retalho
Tinha uma linha
Traindo o trabalho

Outro copo de vinho
Tinge, restringe
E fende o caminho

Detrás das nuvens
Brilha uma armadilha
A quem diz: Tu vens.

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