Cada caco de vida
Que der à mulher
Não vai ser devolvida
Nunca espere um bem
Se mal, afinal
Já fizeste a alguém
Há dias vejo almas
Que não têm as mãos
E me vêm bater palmas
Empenho-me em ser eu
Porém, sou Ninguém.
Muito de mim se perdeu
Estou inoculado
Por sua pele nua
Ou mais envenenado?
Em comum temos gestos,
Mas um incomum:
Comungar nossos restos
Da Lua quero o ocaso
Do Sol, arrebol
P´ra rimar meu Parnaso
Uma visão do passado
No chão do porão:
Meu Peposo jogado
Eu tenho pesadelos
Com aços, pedaços
E o rosto sem pelos
Outro significado
Depois de nós dois
Ao verbete Pecado
Não pode haver ninho
Ou ovo, de novo
Se não há passarinho
Aquela sua mensagem
Por rio ou por fio
Continua sua viagem
Eu pretendo absorver
O ar do lugar
Onde eu hei de morrer
O vento lhe saúda
No nó do cipó
Sem ter quem te acuda
Desisti de desistir
De ter o poder
Para poder resistir
Enquanto faço haicai
Poucos e loucos
Notam: tudo se esvai
Uma nuvem carregada
Já cresceu no céu
E minguou na calçada
Meu lençol de retalho
Tinha uma linha
Traindo o trabalho
Outro copo de vinho
Tinge, restringe
E fende o caminho
Detrás das nuvens
Brilha uma armadilha
A quem diz: Tu vens.
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