Bom... eu ainda não sei bem como começar. Tenho pouca experiência com esse negócio de escrever - ainda mais depois que aboliram os tremas, aumentaram os dígrafos, bagunçaram os hifens e acrescentaram as 3 letras que os índios já usavam há mais de 500 anos aqui mesmo no Brasil.
Meu pai sempre diz que quando nasci eu tinha apenas 3 defeitos: era banguelo, careca e analfabeto. Hoje, quase 300 dias depois, já tenho 6 dentes, um topete parecido com o do Ronaldinho na final da Copa de 2002 e pronuncio perfeitamente quase 5 sílabas labiais! Mas escrever sim, disso eu gosto bastante.
Descobri o dom de escrever vasculhando a estante de livros do papai, só que no início as palavras se misturavam muito... principalmente quando eu puxava vários livros de uma vez sobre mim. Mas prometo ser bem informal aqui, e não usar uma linguagem culta deveras rebuscada e técnica em detrimento da cognoscível experiência coloquial que permeia a literatura funcional de amiúde.
Vamos nos prender mais no tema deste blog: MEUS PAIS E MEUS DIAS.
Meus dias alternam-se, semelhantemente, pela manhã... num dia acordo o papai assim que a mamãe sai pra trabalhar; noutro, o papai tenta não me acordar quando chega do trabalho noturno, enquanto a mamãe sai pra trabalhar novamente. Fiel aos meus instintos matinais, acordo o papai assim que a mamãe sai. Parece repetitivo, mas o papai nunca repete os mesmos argumentos para tentar me convencer a voltar a dormir. O papai adora mudar a rotina!
Já a mamãe prefere não ter surpresas. Acho que é por isso que faz um bocado de tempo que ela não troca minhas fraldas encharcadas! Pessoalmente, eu também não curto aquele cheiro mixado de ureia gelatinosa com o suspiro da fossa da varanda, argh. Mas a verdade é que sou bastante regular, e só costumo me desenfezar perto do horário do almoço... o papai parece ter perdido um pouco o apetite do meio-dia, mas prefiro acreditar que seja por causa do excesso de estudo para o concurso que ele vai prestar.
Não sei onde o papai trabalha, mas desconfio que seja de super-herói. Ele passa um tempão fora, chega todo amarrotado, meio desnorteado de sono, e tem sempre um monte de histórias pra contar. Já a mamãe eu sei onde trabalha. Quase sempre vamos buscá-la (o papai diz que vamos 'resgatar a mamãe'). É uma casa bem protegida, grande e fria, onde tem um pessoal que fala gritando, o telefone não para de tocar, ela vive cercada de papéis e, às vezes, reclama que ainda não entrou dinheiro... tenho quase certeza que é lá a tal da Bolsa de Valores!
Owkey (dizem que agora é moderno usar as novas letras), vou deixar pra contar mais um outro dia, assuntos não faltam. Sempre acontece algo diferente por aqui. Agora que já demos o pontapé inicial, bola pra frente – trocando passes e poses com meus pais e meus dias.
Assinado, Caio
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